Saturday, September 28, 2013

Viver é experimentar

Ontem vivi no mesmo dia o extremo das diferenças.

Imagem da Internet


Primeiro fui visitar meu amigo Pompeu, um homem de 70 e poucos anos, sereno, natureba, cheio de conteúdo, tanto que eu acho que deveria existir mais uns dois ou três pra poder comportar tanta sapiência.

Sempre que o visito perco a hora, só percebo que é hora de ir embora, quando lembro que ele dorme cedo. Bom! A questão é, que, depois de ler alguns artigos que ele achou interessante separar pra compartilhar comigo, ver fotos antigas da Belém que ele conheceu, ver a empolgação dele com as lembranças de ter andando em um ônibus com formato de zepelim, lembrar que as edificações mais lindas que ele já viu em Art Nouveau foram destruídas para dar espaço as construções do "futuro", "moderno".

Com ele, sempre tenho aulas de história, de bom gosto musical, de literatura. Eu sempre saiu de lá mais inteligente do que cheguei.

Me dá prazer conversar com alguém que sempre tem planos para o futuro, que debate todo e qualquer assunto, que tem opinião sobre tudo.

Então, o deixei ir dormir, já com o próximo encontro marcado, claro!

De lá fui pra casa de uma amiga que não via algum tempo, tem a minha idade, está estudando moda, sua segunda graduação.

As pessoas que hoje a cercam são jovens de 18 a 23 anos, companheiros de curso.

Ela por natureza, ao contrário do Pompeu, é agitada, irrequieta, agora então, resolveu pintar o cabelo de azul, adora ser fotografada, e recebe os recém adultos na casa dela após as aulas. Não é pra estudar, é pra beber, comer, fumar um baseado.

Nada contra quem bebe, ou fuma um baseado. Mas acredito, que aquele não era o meu momento, depois de ter saído de um encontro tão rico, estragar meu dia assim. Então lembrei que sempre falei que tinha "espírito de velho", mas depois que ouvi o texto Tô Idoso (autor desconhecido) lido pelo Pompeu, vi que não tenho nada de velha, só sou seletiva com as pessoas que ando, que me disponho a falar, e o que vou fazer com meu corpo.

Isso me lembrou que uma vez, namorei um rapaz que morava com o pai. Sempre que eu ia na casa dele, o pai dele só dizia "oi" e eu perguntei pro namorado se o pai dele não gostava de mim, então ele respondeu. "Não é isso, é que ele não perde tempo conversando com alguém que não lê jornais"  achei um absurdo, que discriminação! Mas hoje, dou meia razão pra ele, por que perder tempo com alguém que não fala a minha língua? Mas também penso; por que não me dar a oportunidade de conhecer o mundo dos outros, e se possível ajudar essas pessoas a conhecerem o meu mundo também?

Todo relacionamento é válido! Sempre! Até com um bandido.

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